Felipão agrediu Dirceu Batista e não lhe deu chance de revide |
O Dom Bosco jogava no
Verdão contra o Caxias, de Caxias do Sul, pelo Campeonato Brasileiro de 1977.
No time gaúcho, um zagueiro central despontava
entre os demais e, claro, chamava atenção da torcida, onde quer que o Caxias
jogasse. Seu nome de guerra: Felipão.
Mas o destaque não ficava
por conta de suas virtudes técnicas que pudessem lembrar nem de longe dois
zagueiros centrais que marcaram época no futebol brasileiro na década de 60:
Aírton, do Grêmio Porto-alegrense, e Mauro Ramos de Oliveira, do Santos, que
jogavam com uma elegância que deixava os torcedores extasiados...
Ao contrário de Aírton e
Mauro Ramos, Felipão era bruto que só uma porta. Privilegiado por um físico
avantajado, o zagueirão caxiense batia pra valer nos adversários, com a
complacência de juízes pusilânimes que muitas vezes fingiam que não viam suas
pancadas nos rivais para não se meterem em encrencas com ele...
Depois de uma carreira
relativamente longa no futebol, sem muito destaque fora de seus pagos, Felipão,
cujo nome é Luiz Felipe Scolari, decidiu virar técnico de futebol. E foi graças
a sua a filosofia de jogar bola batendo nos adversários, que o Brasil e
conquistou a Copa do Mundo de 2002, disputada simultaneamente no Japão e na
Coréia do Sul, ganhando da Alemanha por 2x0 na final.
Com a seleção brasileira
ameaçada de não se classificar para a Copa do Mundo disputada no Oriente, com a
recusa sistemática dos técnicos para assumir o comando da equipe, a CBF apelou
para Felipão, que aceitou o desafio, mas impôs uma série de condições. Uma
delas: que ninguém metesse o bedelho na
sua filosofia de trabalho.
Na realidade, Felipão
repetia a filosofia do falecido jornalista esportivo João Saldanha, que em 1970
convocou e treinou uma seleção de machos. Suas instruções aos jogadores: se
levassem uma pancada, retribuíssem com duas, três... quantas fossem necessárias
para mostrar quem era o bom do pedaço.
Saldanha que deixou o
comando da seleção por não concordar com interferência no seu trabalho, chegou
a mandar um recado, através da imprensa, ao todo poderoso e temido presidente
da República, Garrastazu Médici, que queria a convocação de Dadá Maravilha, do
Internacional: “O senhor manda no Brasil, na seleção mando eu...”
Se a brutalidade de Felipão
influenciou ou não no resultado, o fato é que o Caxias venceu o Dom Bosco por
1x0. No segundo tempo, o volante Dirceu Batista foi para a área do Caxias para
tentar o gol na cobrança de um escanteio. E subiu, na disputa da bola aérea,
com Felipão, em uma jogada normal. Mas o zagueiro gaúcho aproveitou o lance para
dar um violento tapa no rosto de Dirceu Batista.
– Isso não vai ficar assim...
– reagiu Dirceu Batista, encarando o adversário.
– Não vai mesmo! Sua cara
vai inchar pra caralho!... – retrucou Felipão
E inchou mesmo... – lembra recorda o ex-jogador do Dom Bosco
Dirceu Batista passou o
resto do jogo tentando se vingar da humilhação, mas Felipão, muito esperto e
desconfiado, não lhe deu a menor chance de revidar a agressão...