Mão-de-Onça torrou mesmo o dinheiro do prêmio (Foto Arquivo Google) |
Com apoio da Confederação
Brasileira de Futebol, que inclusive pagou os troféus da competição, um grupo
de empresários endinheirados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná decidiu
promover um torneio de futebol em 1984, com a participação de seleções sub 20
dos três estados e mais as do México, Paraguai e Equador.
O objetivo do grupo com a
promoção era mostrar para a torcida e a crônica esportiva dos grandes centros, jovens
talentos que estavam despontando para o futebol e poderiam formar uma
pré-seleção da categoria. Alguns daqueles
ricaços já tinha se tornado empresários de grandes promessas do futebol dos
três estados, investindo pesado no lucrativo mercado da bola...
Além do apoio da CBF, o
grupo de empresários conseguiu também uma autorização da entidade para
inscrever entre os jogadores de Mato Grosso o veterano Mão-de-Onça, que estava
encerrando a carreira. O lendário goleiro revelou-se no futebol
sul-mato-grossense e depois fez sucesso no Dom Bosco e no Operário
Várzea-grandense, merecendo, como ninguém, a homenagem.
A seleção de Mato Grosso foi
a campeã do torneio, derrotando o Paraguai, em Assunção pela contagem mínima –
no primeiro jogo decisivo, em Campo Grande, vitória mato-grossense por 3x1. O
gol que decidiu o título foi assinalado por Cocada, irmão do atacante Muller,
que jogou no São Paulo FC, e depois virou pastor evangélico.
Empolgados com a conquista
do título e com o sucesso da competição, os organizadores pagaram um prêmio
generoso aos jogadores Cr$ 14 milhões de cruzeiros (a moeda da época) para cada
um. “Era muito dinheiro, uma fortuna...” – lembra Luizinho, que estava jogando
fora de Mato Grosso, mas em 86 e 87 defendeu o Operário Várzea-grandense e jogou
ainda no Uirapuru.
Um prêmio daqueles merecia
uma comemoração especial e foi o que aconteceu. Como a delegação campeã só
chegaria a Cuiabá no domingo à noite, em um voo comercial, depois de uma escala
em Campo Grande para desembarque dos sul-mato-grossenses e de onde alguns boleiros
rumaram para os estados em que atuavam (Cocada, Lima, Nestor e Pedrinho) ficou
combinado que os jogadores iam jantar pacu assado na casa de Mão-de-Onça, no
bairro Dom Aquino, e só retornar às suas origens na segunda-feira.
Outra combinação acertada
pelo grupo (Guará, J. Alves, Xandi, Djalma, Luizinho, Gérson Lopes e Egnaldo): depois
do jantar, os jogadores, com Mão-de-Onça como cicerone,.iam conhecer ou rever
alguns pontos turísticos da cidade. Mesmo altas horas da noite, com a demora do
caprichado jantar feito pela esposa de Mão-de-Onça ser servido...
Na realidade, não iam
conhecer pontos turísticos coisa nenhuma: a turma estava louca para sair depois
do rega bofe para torrar o gordo prêmio na boate 9 de Julho e na famosa ZBM do
Ribeirão da Ponte. Na presença da mulher de Mão-de-Onça ninguém falou sobre o
valor da gratificação para não complicar a vida do animado anfitrião...
É que Mão-de-Onça, muito
espertamente, deu Cr$ 7 milhões para sua esposa, dizendo que aquele era o valor
da premiação de cada jogador e escondeu Cr$ 7 milhões para ir farrear com os
amigos Afinal, ele também era filho de Deus e tinha o direito de comemorar a
conquista de um título importante, como também a homenagem que lhe prestaram,
com aval da já então já CBF.
Conversa vai, conversa vem
naquela animação, diante da perspectiva de uma noitada promissora pela frente,
a certa altura Mão-de-Onça quis saber da esposa sobre o peixe e foi informado
que estava demorando a sair, porque ela tinha decidido usar o fogão velho, já
abandonado na lavanderia da casa, para não estragar o novo e moderno fogão
comprado recentemente...
Mão-de-Onça levou um choque
ao lembrar-se que havia escondido os Cr$ 7 milhões reservados para a farra em
um cantinho do forno do fogão velho e correu para pegar o dinheiro, que já
estava até esfarelando-se de tão torrado...
Sobrou para todo mundo, pois
com Mão-de-Onça sem os seus Cr$ 7 milhões escondidos para a farra, seus
convidados para o jantar decidiram
bancar as despesas do companheiro na noitada. E que noitada, com tanto dinheiro
para gastar! Claro que Mão-de-Onça gastou sem parcimônia!. Afinal, o dinheiro
não era dele...
Ao que se sabe, a esposa de
Mão-de-Onça nunca ficou sabendo da história da dinheirama torrada no velho
fogão da família...