Empolgado
pela boa campanha que vinha realizando no Campeonato Mato-grossense da 2ª
Divisão de 1991, o União Esporte Clube Juara, pioneiro no futebol profissional no
município do mesmo nome, no Médio Norte, foi enfrentar a Associação Atlética Alta Floresta, no Estádio Maestrão.
Embora
o futebol seja um esporte marcado pela rivalidade que às vezes chega às raias
da insensatez, não passava pela cabeça de ninguém que aquele o jogo acabaria se
transformando numa verdadeira batalha campal dentro e fora do gramado, com
muitas jogadas violentas por parte dos defensores altaflorestenses e ameaças
da torcida de pegar os juarenses.
Tanto é
que depois da partida, que terminou empatada pela contagem mínima, a delegação
do UECJ, que subiu naquele ano para a 1ª Divisão do ano seguinte, teve que sair
do estádio sob a proteção da Polícia Militar.
A fúria
dos torcedores com o empate que classificou Juara, era tamanha contra os
juarenses que a delegação visitante não pôde nem jantar em Alta Floresta,
embora com a refeição já paga adiantadamente. A delegação só saciou a fome
quando chegou a Colíder, onde fez a refeição antes de retornar a Juara.
Se o
clima tenso predominou no decorrer do jogo, a situação piorou ainda mais nos
minutos finais, quando torcedores passaram a jogar pedaços de paus dentro de
campo para intimidar os jogadores visitantes.
A
atitude dos torcedores locais passou a ser interpretada como uma maneira de amedrontar os jogadores
visitantes, que temiam ser vítimas de agressões físicas, já que verbais eram
inúmeras e constantes.
Da
raiva da torcida altaflorestense não escapou nem o pessoal da crônica esportiva
que fazia cobertura do jogo. O radialista Aparício Cardozo, que transmitia a
partida pela Rádio Tucunaré, de Juara, viveu momentos de pânico quando grupos
de torcedores começaram a sacudir em sincronia a cabine de madeira de onde ele
narrava o jogo no Maestrão, na tentativa de derrubá-la, amedrontando a equipe
esportiva da emissora.
Depois
de muito bate-boca, empurrões e ameaças de agressões, finalmente a delegação
juarense saiu do estádio. Mas foi por pouco, porque torcedores foram flagrados
por dirigentes do UECJ tentando esvaziar e furar os pneus do ônibus da
delegação. Os juarenses só se acalmaram depois que o ônibus deixou a MT-419,
que liga a BR-163 com Alta Floresta, e rumou para Colíder...
O
ex-prefeito de Juara e então vereador Priminho Riva acompanhou a delegação do
UECJ – fundado em 10/10/1980 – nesse jogo histórico do clube e inclusive trabalhou
como repórter da Rádio Tucunaré, auxiliando o narrador Aparicio Cardozo. Foi
ele quem bancou o almoço em Alta Floresta no domingo e pagou antecipadamente o
jantar para garantir que o pessoal não voltasse para Juara de barriga vazia.
No
início da semana, Priminho Riva ligou para a dona do restaurante onde a
delegação jantaria no domingo à noite na tentativa de ser ressarcido do
prejuízo, pois pagou pelas refeições que não foram servidas e nem consumidas.
Mas a
dona do restaurante ponderou que inclusive já havia gasto o dinheiro que recebera
adiantadamente para preparar o jantar para as 36 pessoas que integravam a
delegação juarense. “A comida foi
toda jogada fora. Eu fiz a minha parte,
se vocês não comeram, o problema não é meu...” – argumentou a mulher cheia de razão.
Priminho
Riva concordou e nunca mais tocou no assunto com ela...