Em 1984 ou 1985, o árbitro Ari Euclides Pereira foi indicado
pelo Departamento de Árbitros da FMF para apitar no Estádio Zeca Costa, em
Barra do Garças, o jogo entre Barra do Garças e o Mixto pelo Campeonato Mato-grossense da 1ª Divisão. Para atuar como
bandeirinhas, o DA da FMF escalou
Armindo Sete Bundas e José Guasques, enquanto como árbitro reserva foi
designado Ismar Gomes, que sempre arrumava encrenca, às vezes da grossa, pelos
estádios por onde passava...
Nesse jogo, porém, tudo transcorreu dentro da mais absoluta calmaria.
Ari Euclides não se recorda quem foi o vencedor do jogo, mas acha que deve ter
sido o time da casa, porque a torcida barragarcense, fugindo à normalidade, não
criou qualquer problema para a arbitragem. Muito menos os jogadores dos dois
times. Até parecia um jogo de com fraternização e não do Campeonato Estadual.
Encerrado o jogo, o pessoal da Federação Mato-grossense de
Futebol que trabalhou naquele dia – os juízes, o delegado (representante da
entidade) e o financeiro – foi tranquilamente para a Estação Rodoviária,
esperar o ônibus para retornar a Cuiabá.
O ônibus chegou, os passageiros, incluindo naturalmente o pessoal da
FMF, embarcaram, iniciando a viagem de
volta para casa.
Naqueles velhos tempos, na saída de Barra do Garças para
Cuiabá existia uma parada de ônibus, onde muita gente preferia esperar o busão, para não ter que ir até perto da ponte
sobre o Rio Araguaia para embarcar.
Na parada do coletivo, entrou no ônibus um passageiro,
exibindo na cintura uma peixeira daquelas e que se sentou na poltrona onde
estava Armindo Sete Bundas. Ao reconhecer entre os viajores o pessoal da FMF, o
torcedor partiu logo para a provocação. “Esse pessoal da Federação tem mais é
que apanhar e morrer para deixar de roubar a gente aqui no futebol...” – dizia
em altos brados. E toma palavrões...
Armindo Sete Bundas, que era policial civil, não teve dúvidas: pegou o seu revólver e deu voz de prisão ao torcedor. Estabeleceu-se um tumulto no busão, com muitos passageiros assustados, sem saber o que estava acontecendo, com o rolo que estava acontecendo dentro do ônibus. Chamada por Armindo Sete Bundas, a Polícia Militar chegou rapidinho a parada de ônibus e levou o passageiro embora.
Naquela noite, o ônibus do horário continuou a viagem para
Cuiabá com um passageiro a menos...
– O Armindo Sete Bundas era meio estourado, mas gente muito boa
... – afirma o ex-árbitro Wilson Eraldo da Silva, que conviveu algum tempo com
ele, apitando principalmente futebol de salão.
A origem do apelido de Armindo, já falecido, ninguém nunca
ficou sabendo, até porque não lhe perguntavam, certamente com medo do seu
inseparável trabuco...
Armindo detestava tanto o apelido que em muitas ocasiões chegava
a interromper jogos de futebol e de futebol de salão, que apitava também muito
bem, para se aproximar de arquibancadas de estádios ou de ginásios de esportes
na tentativa de identificar quem o estava chamando de Sete Bundas...
Geralmente, eram amigos seus, pois só os seus mais chegados
sabiam da raiva que Armindo tinha do apelido e que o provocavam só para vê-lo
perder as estribeiras . “Lá fora eu pego vocês...” – reagia Armindo Sete
Bundas.
Mas era só ameaça mesmo!...