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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Com o tanque do carro seco, Equipe 1.300 teve que fazer longa caminhada pela 163 para chegar a Cuiabá


Lá se foi a Equipe 1.300 da Rádio Cultura de Cuiabá para Rondonópolis a fim de transmitir mais um jogo do Campeonato Mato-grossense de Futebol da 1ª Divisão de 89 ou 90. No comando do grupo, que lotou uma caminhonete, o  deputado estadual  Roberto França, que era dono da Equipe 1.300 e o principal comentarista esportivo das emissora.

Viagem normal para Rondonópolis e transmissão sem qualquer tumulto, um fato raro, pois a torcida rondonopolitana sempre causou problemas para adversários, árbitros e até o pessoal da imprensa. Como se o pessoal da crônica esportiva tivesse culpa pelos fracassos do União em seus domínios...

Se a viagem de ida transcorreu tranquila, como recorda Orlando Antunes de Oliveira, integrante da 1.300, a volta foi cruel. Lá pelas 2 horas da madrugada de segunda-feira, com a equipe quase chegando já em Cuiabá, de repente a caminhonete parou. Mas não foi uma falha mecânica, não! Simplesmente, o veículo estava sem combustível!

Zangado, como de costume, Roberto França questionou o motorista, que não conseguia explicar como a caminhonete estava sem combustível. Como a pequena caravana da Cultura já estava próxima do Distrito Industrial de Cuiabá, o jeito foi ficar às margens da BR-163, pedindo carona.  Mas àquela hora, dificilmente alguém ia parar para dar carona àquele bando de homens...

Só restava uma alternativa: pegar a estrada e caminhar ainda uns bons quilômetros até chegar ao Distrito Industrial. O motorista da caminhonete, levando bronca o tempo todo durante a penosa caminhada, principalmente de Roberto França – que já naqueles tempos era bem gordinho... – carregava um galão na vã esperança de encontrar um posto de combustíveis aberto a fim de abastecer o veículo...

Quando a Equipe 1.300 já estava chegando ao antigo posto da Polícia Rodoviária Federal, passou um ônibus que tinha saído de Campo Grande com destino a Cuiabá, parou e deu uma carona para o pessoal. Pior para o motorista, que desceu no primeiro posto de combustíveis para encher o galão e reiniciar a caminhada de volta para abastecer a caminhonete para completar a viagem...    

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Por não ter ficado nem na reserva, jogador do Santa Cruz tentou rasgar a bola do jogo com um facão


Toda vez que ia disputar um amistoso contra times de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e outras cidades da região, geralmente aos domingos ou em datas festivas de Poconé, o Santa Cruz Futebol Clube realizava uma reunião com seus jogadores e colaboradores para tratar de detalhes da programação do jogo e que chamavam de pré-preleção, pois era tradição nos velhos tempos do futebol amador poconeano o time anfitrião receber os visitantes com muita cordialidade.

Na realidade, a pré-preleção do Santa Cruz nada mais era do que uma forma de arrecadar dinheiro entre seus jogadores e admiradores a fim de pagar o caminhão para buscar e levar de volta depois o adversário, além de bancar o almoço da rapaziada visitante. É que com a precariedade das estradas de Mato Grosso lá pelas décadas de 1970/1980, o time que ia jogar fora tinha que sair cedo para não correr o risco, principalmente no período chuvoso, do caminhão ficar atolado nos barreiros...

Uma pessoa que se destacava nesse trabalho extra-campo do Santa Cruz era seu Chiquinho Queiroz, uma espécie de cozinheiro oficial do clube e em cuja casa funcionava também a sede da agremiação, que era também o encarregado de arrecadar dinheiro e os alimentos para ser preparado o almoço do time de fora. Seu Queiroz não brincava em serviço na hora de pegar a bufunfa do pessoal. Esse negócio do sujeito dizer que ia entrar com o berro da “vaquinha” com ele não funcionava não!...

Um dos colaboradores de primeira hora do Santa Cruz, sempre foi o lateral esquerdo Camilo, que mesmo não sendo titular do time, não poupava na hora de enfiar a mão no bolso para fazer a “vaquinha”. Um dia, porém, em um desses amistosos, Camilo chegou para o jogo, trocando as pernas, completamente “mamado”. Por uma questão de prudência, alguns defensores do Santa Cruz,  foram pedir para a comissão técnica, integrada também por alguns jogadores mais experienbtes, não escalar Camilo e nem deixá-lo na reserva naquele dia...

Rapidinho, Camilo ficou sabendo que nem na reserva ia ficar. E não gostou nada do que estava ouvindo. E não ficou mesmo. A certa altura do jogo, porém,  Camilo, inconformado com a discriminação, pegou um facão e começou a correr por todo o campo do Santa Cruz, que não tinha alambrado, com a intenção de furar a bola. Mas com a colaboração dos torcedores, que não deixavam Camilo consumar sua vingança, o jogo chegou ao fim com a bola cheia e a torcida dando gostosas gargalhadas com as suas trapalhadas...  
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Time só de parentes do quilombo que deu origem ao Cristo Rei massacrou o Santa Cruz em Poconé

O Santa Cruz levou uma goleada histórica no jogo contra o time de Capão do Negro
Em 1980, o Santa Cruz ia disputar um amistoso contra o Primos e Irmãos Futebol Clube, do Capão do Negro, antigo quilombo que deu origem ao hoje distrito do Cristo Rei, em Várzea Grande, e famoso não apenas por ser um time muito bom de bola, mas também pelo fato, de, como o próprio nome indica, ser integrado exclusivamente por parentes, da cor negra. Em razão do interesse que a partida despertava entre a torcida de Poconé, o Santa Cruz decidiu que o jogo seria no Estádio Neco Falcão e não em seu campo. 

Estava passando da hora do jogo entre os aspirantes começar e nada do Primos e Irmãos FC aparecer, o que causava estranheza, porque, conforme o que estava combinado, o adversário chegaria cedo em Poconé, com tempo suficiente para a moçada almoçar e descansar da longa viagem de mais de mais de 100 quilômetros entre as duas cidades, por uma estrada – hoje a MT-060 – muito esburacada na seca e mais lisa do que bagre ensaboado no período de chuvas... 

Finalmente, o time várzea-grandense chegou a Poconé. Só que em vez de desembarcar de um ônibus da empresa Nova Era ou da Estrela Dalva, que nos velhos tempos exploravam o transporte coletivo urbano em Cuiabá e Várzea Grande, o Primos e Irmãos FC chegou num velho caminhão, o que deixou a torcida meio cabreira. “Essa negadinha só veio aqui pra comer, ninguém tem cara de jogador de bola...” – esse o comentário que circulava entre torcedores mais pessimistas que viram o famoso time várzea-grandense descer da incômoda condução. 

Em virtude do atraso na chegada, dirigentes dos dois times combinaram que o jogo entre dos “cascudos” começaria em seguida para não atrasar muito a partida principal. Mas a decisão acabava com qualquer possibilidade do time visitante almoçar, com o rega-bofe ficando para depois do jogo. Mesmo com os "cascudos" várzea-grandenses jogando com o estômago roncando de fome, o time do Primos e Irmãos FC deu uma surra no aspirante do Santa Cruz que faltou gente pra ver – lembra Joadilson, jogador da equipe da casa e hoje policial civil em Poconé.

Mas o pior estava por vir ainda... 

Iniciado o jogo principal, o Primos e Irmãos FC mostrou dentro de campo porque era tão famoso, dando um show de bola no adversário. Embora integrado por jogadores de alto nível técnico como Manica, Tica, Moura, Otávio, Ismael, Capeta, Aurelinho, Simão, Cecílio, Macarrão, Joadilson, Joãozinho, Leodir e tantos outros, o Santa Cruz foi impiedosamente massacrado pelo adversário. Durante todo o jogo, o time de Poconé não viu a cor da bola – como se diz no jargão esportivo. E o placar disparou a favor dos visitantes. 

– Eu não me lembro do placar. Mas, a exemplo do que aconteceu na preliminar entre os aspirantes, perdemos feio. Foi uma ensacada mesmo, que ficou na história do Santa Cruz! – recorda Joadilson... 

Um torcedor da velha guarda do Santa Cruz lembra que os jogadores do time poconeano que mais pegaram na bola nesse amistoso foram o goleiro e o centro-avante – o primeiro para apanhar a “gorduchinha “ no fundo do seu gol para mandar para o meio de campo e o segundo para dar nova saída...