Em 1964, o Mixto foi
realizar uma série de 4 amistosos em Porto Velho, capital de Rondônia, que
ainda era o território federal do Guaporé, e transformado em estado em dezembro
de 1981, com o nome atual. Foram 4 jogos em uma semana. A viagem de ida foi
feita num velho e lento DC-3 da Viação Aérea São Paulo – Vasp, já extinta, mas
que era a “bam-bam” da época no mercado aéreo.
A míni-excursão foi um
sucesso do ponto de vista técnico, com o Mixto vencendo os 4 jogos: goleou o
Moto Clube, na estreia por 7x1, em seguida derrotou o Flamengo pela contagem
mínima, aplicou uma goleada por 5x2 no Ferroviário e encerrou a campanha o
superando Ipiranga, campeão de Porto Velho, pelo placar de 2x0.
Encerrado o último jogo, um
grupo de dirigentes dos quatro clubes derrotados pelo alvinegro, procurou a
chefia da delegação do Mixto para propor a realização de um novo amistoso do
clube cuiabano contra uma seleção formada pelos 4 times. Os portovelhenses
ofereciam uma quota financeira 4 vezes maior do que a que o Mixto tinha
recebido, mas o chefe da delegação, Ranulpho Paes de Barros, fez de conta que
não tinha ouvido a proposta...
Apesar de 90% da numerosa
delegação mixtense nunca ter pisado em um avião, a viagem transcorreu sem
problemas. Antes da decolagem da aeronave, alguns jogadores não conseguiam
dissimular o nervosismo, mas aos poucos foram se descontraindo e se acostumando
com o que consideravam uma aventura, até porque não tinham mesmo outras opções
no ar...
Para facilitar a vida dos
mato-grossenses, o adversário do Mixto arrumou um hotel que ficava nas
imediações do aeroporto para alojar a delegação alvinegra. Enquanto o pessoal
se movimentava, ocupando as acomodações reservadas ao alvinegro, alguém da
delegação mixtense perguntou se era mesmo naquele hotel que iam ficar...
Aí o ponteiro direito
Catarino, irmão do já falecido professor de Educação Física Natanael Henrique
de Moraes, o Nato, que se tornou uma figura muito popular em Mato Grosso, pela
sua dedicação ao esporte, caiu na besteira de perguntar, inocentemente, se o
avião que havia conduzido a delegação mixtense também ia pernoitar em Porto
Velho...
Deu azar. No grupinho a quem
Catarino, um jogador muito sério, fez a pergunta, estava o super gago e gozador
Pelezinho, que não tem nada a ver com o Pelezinho, que anos mais tarde fez
muito sucesso no futebol mato-grossense e morreu em um acidente de carro em
Cuiabá, quando defendia o Internacional, de Porto Alegre, não perdeu deixa e
lascou: “O aaaviiiiãoãoão esesestátátátá comcomcom muuuuiiiitototo sooooononononono
e vaivaivai dordordormirmirmirmir aaaaquiquiquiqui tamtamtamtambémbémbém...”
Foram só gargalhadas. Que se
prolongaram durante toda a míniexcursão do Mixto para desespero do sério
Catarino. Por qualquer coisinha que acontecia, sempre havia alguém para lembrar
a gozação de Pelezinho em cima do sisudo Catarino, que não via a hora da
delegação mixtense retornar a Cuiabá para os jogadores esquecerem do folclórico
episódio do avião sonolento...