Em duas “Jesus me chama”,
como são conhecidas as kombis que a Volks deixou de fabricar faz muitos anos
– o apelido resulta do fato de que o motor do veículo fica na parte traseira e
no caso de uma colisão de frente os ocupantes do banco dianteiro fatalmente vão
para o vinagre... – o Humaitá saiu de Cáceres para cumprir, em uma semana, três
jogos sucessivos pelo Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1980.
O primeiro jogo do Humaitá
foi no Estádio Verdão, completamente lotado, contra o Mixto. Contrariando todos
os prognósticos, o Humaitá deu uma surpreendente surra no alvinegro pela
contagem de 6x1. Nessa partida, um fato histórico: o atacante Capeta, do time
cacerense, abriu o placar aos 30 segundos de jogo, considerado o gol mais
rápido marcado até hoje no Verdão.
Com o moral nas alturas
depois da goleada, o Humaitá pegou a BR-070, para enfrentar na quarta-feira à
noite no Estádio José Valeriano Costa, o Zeca Costa, o Barra do Garças. Ao
contrário do primeiro jogo, o Humaitá não encontrou moleza e teve que se
esforçar muito para sair do estádio barragarcense com o apertado placar de 1x1.
O jogo seguinte foi em
Rondonópolis contra o União. Para poupar seus jogadores de um cansaço maior nas
incômodas e superlotadas kombis, o Humaitá saiu por Goiás, pegando a BR-364,
passando pela Serra da Petrovina, que é muito perigosa no trecho que fica em
Pedra Preta, e saindo já em Rondonópolis. O União venceu o jogo por 2x1.
Na volta para Cáceres,
quando uma das kombis descia a Serra de São Vicente, de repente ouviu-se um
apavorado grito dentro de uma delas: “Pare o ônibus, motorista, minha mãe está
atrás do toco e você vai atropelar ela...”
Era Cafuringa, que,
dormindo, estava tendo um pesadelo, assustando todo mundo que seguia na perua
em que ele viajava, na perigosa serra. O Cafuringa do Humaitá, um jovem oriundo
do futebol carioca, nada tem a ver com outro famoso Cafuringa, ponteiro direito
já falecido, que fez sucesso no futebol brasileiro, defendendo entre outros
clubes Fluminense, Botafogo e Atlético Mineiro...