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domingo, 28 de julho de 2019

“Pare o ônibus, motorista, minha mãe está atrás do toco e você vai atropelar ela...” – gritou Cafuringa em pesadelo


Em duas “Jesus me chama”, como são conhecidas as kombis que a Volks deixou  de fabricar faz muitos anos – o apelido resulta do fato de que o motor do veículo fica na parte traseira e no caso de uma colisão de frente os ocupantes do banco dianteiro fatalmente vão para o vinagre... – o Humaitá saiu de Cáceres para cumprir, em uma semana, três jogos sucessivos pelo Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1980.

O primeiro jogo do Humaitá foi no Estádio Verdão, completamente lotado, contra o Mixto. Contrariando todos os prognósticos, o Humaitá deu uma surpreendente surra no alvinegro pela contagem de 6x1. Nessa partida, um fato histórico: o atacante Capeta, do time cacerense, abriu o placar aos 30 segundos de jogo, considerado o gol mais rápido marcado até hoje no Verdão.

Com o moral nas alturas depois da goleada, o Humaitá pegou a BR-070, para enfrentar na quarta-feira à noite no Estádio José Valeriano Costa, o Zeca Costa, o Barra do Garças. Ao contrário do primeiro jogo, o Humaitá não encontrou moleza e teve que se esforçar muito para sair do estádio barragarcense com o apertado placar de 1x1.

O jogo seguinte foi em Rondonópolis contra o União. Para poupar seus jogadores de um cansaço maior nas incômodas e superlotadas kombis, o Humaitá saiu por Goiás, pegando a BR-364, passando pela Serra da Petrovina, que é muito perigosa no trecho que fica em Pedra Preta, e saindo já em Rondonópolis. O União venceu o jogo por 2x1.

Na volta para Cáceres, quando uma das kombis descia a Serra de São Vicente, de repente ouviu-se um apavorado grito dentro de uma delas: “Pare o ônibus, motorista, minha mãe está atrás do toco e você vai atropelar ela...”

Era Cafuringa, que, dormindo, estava tendo um pesadelo, assustando todo mundo que seguia na perua em que ele viajava, na perigosa serra. O Cafuringa do Humaitá, um jovem oriundo do futebol carioca, nada tem a ver com outro famoso Cafuringa, ponteiro direito já falecido, que fez sucesso no futebol brasileiro, defendendo entre outros clubes Fluminense, Botafogo e Atlético Mineiro...
     

domingo, 21 de julho de 2019

Torcida começa a acreditar que ficaram resquícios da praga que lavadeira rogou contra o União

Depois de longo nove anos sem conquistar um título do Campeonato  Mato-grossense de Futebol, nem disputar uma final, já tem torcedor acreditando que sobraram resquícios da praga que uma lavadeira teria jogado há muito tempo contra o União, revoltada porque não recebia o pagamento combinado para lavar e passar os uniformes do clube. Diz a lenda, que todo mundo conhece em Rondonópolis, que a praga condenava o União a jamais ser campeão do Estado...

Verdade ou lenda, o fato é que o União passou 36 anos sem conquistar um título estadual de futebol. Inclusive disputou 10 finais do Campeonato Estadual, algumas das quais com a programação antecipada de festas pela torcida do colorado, pois a conquista do título era certa, mas na hora “h”... era aquela água! Finalmente, o União foi campeão em 2010, numa final dramática contra o Clube Esportivo Operário Várzea-grandense e que o time rondonopolitano venceu por 3x2, no Estádio Luthero Lopes.

Embora a praga da lavadeira faça parte da própria história do União, na realidade a lenda só ganhou as asas do noticiário esportivo nacional  em 2011, com a publicação de um material bem detalhado e desconhecido da torcida no livro Casos de todos os tempos  Folclore do futebol de Mato Grosso. Não foi apenas grandes emissoras de televisão do Brasil que dedicaram espaços generosos a praga da lavadeira, mas consagrados sites também...

Apesar de Amélia, filha de Afro Stefanini, ex-deputado estadual, federal, secretário chefe da Casa Civil do governo Frederico Campos, com velha ligação com o clube, garantir e provar que pagou a lavadeira, a torcida do União anda meio desconfiada. E com razão: depois de 2010, máximo que o clube tem conseguido é ficar em terceiro lugar, o que é muito pouco para uma tradição de 36 anos.

Quando Stefanini morreu, em 2008, com 86 anos de idade, Amélia encheu os bolsos do paletó do seu terno na esperança de que seu pai encontraria a lavadeira em algum lugar no infinito para lhe pagar  acabar com a praga. Há muito tempo um diretor do União resolveu acertar as contas com a lavadeira, mas não conseguiu: ela tinha morrido e ninguém dos seus parentes quis aceitar o dinheiro...

Depois da morte de Stefanini, Amélia recebeu, através dos Correios, um recibo de uma pessoa que se identificou como dona Maria, quitando a dívida da lavadeira. O recibo, no valor de R$ 100,00, tem inclusive o CPF de Stefanini. Menos de dois anos depois da morte de Afro Stefanini, o União conseguiu conquistar o sonhado título do campeonato estadual. Mas já está chegando uma década sem o gostinho até de um vice e a torcida começa a ficar meio cabreira...        

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Humaitá passou 15 minutos sem tocar na bola no show que o Dom Bosco deu no Estádio Geraldão


Exatos 15 minutos, nem mais nem menos, ou 1/3 de um período de um jogo de futebol – este foi o tempo que o Humaitá passou em campo sem tocar na bola na partida que disputou contra o Dom Bosco, pelo Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1980, no Estádio Geraldão. Foi um verdadeiro show de bola que o azulão deu no adversário, não respeitando o fato do Humaitá estar jogando diante de sua fiel torcida.

 “O Dom Bosco tinha um toque refinado de bola que só faltava matar de raiva os adversários que ficavam em campo sem ver a cor da bola...” – afirma Altair Martins, o Capeta, hoje vivendo em Cuiabá e que jogou naquele histórico “baile” que o Humaitá levou. O placar final do jogo foi 1x1...

Lembra Capeta que o Dom Bosco, além do toque refinado de bola com a participação coletiva, ainda tinha em sua equipe alguns jogadores que faziam a diferença. Entre eles, Gonçalves, Fidélis, Bargas, Adilson e Pelego. Ex-companheiro de Pelé no Santos FC, Adilson chegava a provocar a ira da torcida dombosquina, pois em muitas ocasiões, mesmo com o gol praticamente feito, procurava dar mais um toque na bola para embelezar a sua requintada arte de jogar futebol.

Oriundo da escolinha de futebol do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense, que revelou jogadores talentosos como Niquita, Gérson Lopes, Caruso e Dito Siqueira, Capeta foi emprestado pelo tricolor ao Humaitá, em 1980, assim que foi desfeita a seleção juvenil de Mato Grosso daquele ano. Mas, apesar de um futuro promissor no futebol, Capeta ficou no clube cacerense apenas dois anos. E parou muito cedo com o futebol profissional.

Morando no bairro Dom Aquino, em Cuiabá, Capeta ainda muito ligado aos esportes, principalmente ao futebol, montou, em sua casa,  uma oficina onde trabalha com molduras de quadros e poster de times e vidros.    

Capeta orgulha-se, no entanto, de um grande feito, em sua curta carreira: ele foi o autor do gol mais rápido no Verdão. Foi em 1980 em um jogo do Campeonato Mato-grossense de Futebol, entre Mixto e Humaitá. Dada a saída para começo do jogo, alguém lhe tocou a bola e ele disparou um petardo contra a meta mixtense.  A bola chocou-se com o travessão, bateu nas costas nas costas de Mão-de-Onça e foi as para as redes. O resultado do histórico jogo para Capeta foi de 6x1 para o Humaitá, com o Verdão lotado. eram decorridos apenas 30 segundos de jogo.           
 





sábado, 6 de julho de 2019

Uma recepção nada amistosa do técnico Mosca a Bogé em sua apresentação ao Mixto


“Não me interessa de onde você veio e em que clubes jogou. O que me interessa é que aqui você vai ter que jogar muita bola...” – foi dessa forma, pouco amistosa, que o treinador Carlos Henrique Pedroso, o Mosca, que fez sucesso no futebol mato-grossense defendendo o Clube Esportivo Operário Várzea-grandense, deu as boas-vindas ao zagueiro Bogé, revelado pelo Corinthians  Paulista, quando o jogador se apresentou, em março de 2006, ao seu novo clube em Mato Grosso, o Mixto.

Bogé, que já havia jogado pelo Colorado-PR; o Operário, de Campo Grande-MS; o CEOV e o Operário Futebol Clube, ambos de Várzea Grande; e o Luverdense, teve uma passagem brilhante pelo Mixto. Tanto é que foi parar no Cuiabá, que defendeu durante seis anos e no qual encerrou sua carreira de muitas conquistas. Depois que deixou o Cuiabá, Bogé recebeu convites para continuar jogando profissionalmente, mas não aceitou. Com o nascimento de sua filha, ele preferiu um emprego público garantido do que o incerto futebol...

A sua permanência no Luverdense, fez Bogé recordar dos tempos difíceis que ele defendeu o inexpressivo clube do interior paranaense. Foram quatro meses em que os boleiros que moravam na “república” só comiam arroz com ovos fritos ou salsicha. Ah, tinha também língua... não o apreciado prato bovino, mas as dos próprios jogadores, para misturar a comida durante a mastigação para poderem engolir...

O problema no Luverdense eram as pitzas. Toda vez que o clube joga no “Passo das Emas”, seja à tarde ou à noite, os jogadores se fartam de comer o apreciado prato da culinária italiana. Mesmo quem não gosta de pitzas, tem que comer, pois é a oportunidade que os jogadores têm para conversar com o eterno presidente do Luverdense, Helmute Lawisch, sobre vitórias, empates ou derrotas. As pitzas, dos mais variados sabores, são servidas no vestiário mesmo, em pedaços, sem qualquer cerimônia...

Essa tradição é mantida até hoje. “Quem não gostar de pitzas é melhor nem jogar no Luverdense...” – destaca um antigo colaborador do clube de Lucas do Rio Verde. “A pitza é para os jogadores recuperarem as energias...” – afirma o técnico Júnior Rocha...                  

Às vésperas de um jogo do Luverdense para o qual Bogé e Rossini, revelação do Santos FC, não haviam sido recrutados pelo técnico Lisca nem para ficarem no banco de reservas, os dois decidiram fazer uma visitas “as primas” num lupanar da cidade. Altas horas da noite, quando iam saindo para ir embora, deram de cara com toda a comissão técnica do Luverdense.

Esperaram pelo pior, na semana seguinte, pelo flagrante na ZBM. Mas no primeiro treino do Luverdense após o jogo, o técnico Lisca mandou Bogé e Rossini ficarem de “bobinhos” no recreativo que antecedeu o exercício, o que significava que não seriam punidos. E nem poderiam mesmo, com o trunfo que os dois tinham nas mãos...

Durante os seis anos que ficou no Cuiabá, Bogé considera a ascensão do time da Série D para a C, em 2011, como uma das suas mais importantes conquistas no futebol. A decisão da vaga foi em Tucuruí, contra o Independente, que perdeu de 3x0 em Cuiabá e 2x1 no Pará.

Terminado o jogo, a diretoria do clube anunciou que por falta de voo para Belém, no dia seguinte, os jogadores estavam dispensados até terça-feira. E pagou para cada jogador R$ 10 mil, como prêmio pela ascensão a Série C. Foi uma noite de muita festa naquele domingo em Tucuruí...