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sábado, 30 de novembro de 2019

Jogador do Cacerense saiu da cadeia para se tornar herói da vitória contra o Mixto


O Cacerense ia disputar, no Geraldão, contra o Mixto, um jogo de vida ou morte pelo Campeonato Estadual de 1980. Se ganhasse, passaria para a semifinal do certame, mas se perdesse ou mesmo empatasse, ficaria de fora da fase decisiva do campeonato da FMF, o que seria uma frustração para os torcedores cacerenses, que sempre prestigiaram os representantes da cidade no futebol, desde os tempos do velho e saudoso Humaitá.

Além de ter que enfrentar um time aguerrido como sempre foi o Mixto, o Cacerense tinha um problema muito sério para aquele jogo: seu principal jogador, o centroavante Curió, estava preso. E não era em uma cadeia qualquer, mas na 4ª. Companhia Independente da Polícia Militar de Cáceres (CIPM).

Soldado da PM, lotado no batalhão de Cáceres, Curió tinha o pavio muito curto e criava muitos casos principalmente nas ruas, brigando inclusive em bares por onde passava. Essa última confusão em que se envolveu, valeu a Curió uma punição de 15 dias de detenção, conforme decisão do comandante do 4º BPM, major Adailton de Moraes. E só terminaria 15 dias depois. Logo...

No domingo do jogo com o Mixto, já se aproximando da hora do seu começo, uma comissão do Cacerense foi até o batalhão para pedir ao seu comandante que liberasse Curió por umas poucas horas a fim de que ele pudesse jogar uma partida tão decisiva. A comissão inclusive responsabilizou-se por garantir a volta de Curió ao quartel no prazo exigido por Moraes.

O major Moraes relutou, mas atendeu ao apelo dos dirigentes do Cacerense, contanto que depois do jogo Curió retornasse imediatamente ao 4º BPM para continuar preso. A torcida, que acompanhou durante a semana o noticiário sobre a prisão de Curió e seu afastamento forçado do time, respirou aliviada quando o centroavante entrou em campo.

Jogo disputado palmo a palmo, com as duas equipes lutando com todas as forças pela vitória. Aos 44 minutos do 2º tempo, o Cacerense abriu o placar, através de quem? De Curió, gol que garantiu a classificação do clube de Cáceres para a semifinal do certame.

Empolgado com a permanência do clube no campeonato, o major Moraes, presente ao Geraldão, atendeu aos apelos dos torcedores e suspendeu ali mesmo a punição de Curió, que saiu da cadeia para se tornar herói da importante vitória do Cacerense...

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Bandeirinha pegou chuteiras novas do juiz para amaciá-las e nunca as devolveu ao dono...


Com a sua longa experiência de 21anos (de 1978 a 1999) como integrante do Departamento de Árbitros da FMF e dos quais 16 anos como árbitro da CBF (1984 a 1999) e promovido a aspirante da Fifa em 1993 até encerrar a carreira, lá se foi Joelmes Jesus da Costa para Campo Grande-MS para apitar  Operário x Grêmio, de Porto Alegre, pelo Campeonato Brasileiro. Como assistentes, a CBF havia escalado Wilson Eraldo da Silva e Mário (Xuxa) Martins ou Ari Euclides – Joelmes não se lembra mais...

Naquele ano – que o árbitro não se recorda também – a CBF tinha assinado um contrato milionário com uma poderosa fabricante de material esportivo para divulgação de seus produtos. O uso do material doado à entidade máter do futebol brasileiro para todos os juízes do seu quadro – camisas, bermudas, chuteiras e meias – era obrigatório, conforme o contrato assinado com a CBF.

Com um calo no calcanhar direito já até sangrando, Joelmes encerrou o primeiro tempo do jogo no Morenão mancando e com muita dor. Para azar seu, ele não tinha levado seu velho par de chuteiras, certo de que seus pés iam se adaptar muito bem com as novas pisantes, apesar do esporão que já tinha lhe causado alguns sérios problemas...

Mas aí, Wilson Eraldo, que tinha levado na sua bolsa as suas velhas chuteiras e que já estavam até rasgando de tanto serem usadas, emprestou-as a Joelmes. Ele fez um curativo no calcanhar, calçou a velha chuteira de Wilson e não teve dificuldades (nem dores...) para levar o jogo até o fim...

Encerrada a partida, ficou combinado entre os dois que Wilson ia ficar com as chuteiras novas de Joelmes até amaciá-las, enquanto seu companheiro usaria as surradas suas. Mas já faz seguramente uns 20 anos que Wilson decidiu fazer o favor ao companheiro de arbitragem e até hoje quando os dois se falam e Joelmes pergunta que fim levou o seu par de chuteiras novas, a resposta de Wilson é sempre a mesma: “Ainda estou amaciando elas!...”           

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Sem dinheiro para jantar, jovens do Ação tiveram que saciar a fome com skinny e tubaína quente...


Em 2013 ou 2014, o Sociedade Ação Futebol foi a Primavera do Leste para enfrentar o Juventude pelo Campeonato Mato-grossense de Futebol nas categorias sub 15 e sub 17, no Estádio Municipal. A rapaziada do Ação fez bonito, com o time do sub 15 conseguindo um honroso empate pela contagem mínima, enquanto o sub 17 saiu de campo com uma difícil vitória pelo placar de 2x1.

O chefe da delegação do Ação, Dino Fortes, avisou antes a moçada que encerrado o jogo do sub 17, o pessoal embarcaria imediatamente de retorno a Várzea Grande, por um motivo muito simples: o clube não tinha dinheiro para bancar o jantar para mais de 30 pessoas. A solução era chegar mais cedo a Várzea Grande e cada um comer em sua casa...

Tudo combinado direitinho, a delegação iniciou a viagem de volta, com todo mundo animado pelos dois resultados conseguidos no campo do adversário. .A viagem transcorria normalmente até o ônibus apresentar um defeito mecânico. Aí apareceram muitos curiosos, inclusive dando palpites, mas de mecânica de veículos automotores ninguém entendia patavina...

Depois de algum tempo descobriu-se que entre os membros da delegação havia um jogador cujo pai morava em Chapada dos Guimarães e que entendia de mecânica. Estava encontrada a solução: era só pegar uma carona e chegar à cidade. Mas ninguém parava, muito pelo contrário, acelerava o veículo quando chegava perto do ônibus. Também pudera: naquela escuridão da noite e aquele montão de homens às margens da MT-020...

Alguém que conhecia a região, lembrou que no sentido de Chapada dos Guimarães, não muito longe do lugar onde o ônibus enguiçou, existia uma vendinha que poderia saciar a fome do pessoal. Foram até lá e compraram todo o estoque de skinny e tubaína quente, que pelo menos serviram para aplacar a fome dos jogadores até chegar o socorro de Chapada dos Guimarães para o Ação completar a viagem de volta...

sábado, 16 de novembro de 2019

Sopa de avião estava mais quente do que pinga ruim e queimou a boca de dois árbitros


Lá se foram Joelmes Jesus da Costa, Ayrton de Souza Franco e Benedito Pio dos Santos para Campo Grande para apitar um jogo do Campeonato Estadual do Mato Grosso uno e cuja divisão foi consumada em 1977. O trio já estava escalado pelo Departamento de Árbitros da FMF: Joelmes apitava o jogo e seus companheiros atuariam com bandeirinhas, hoje chamados pelo pomposo nome de assistentes...

Logo que se acomodaram em suas poltronas, na mesma fileira, uma ao lado da outra, em avião da extinta Viação Aérea São Paulo (Vasp) e a aeronave decolou, o serviço de bordo entrou em ação. Naquele voo, a falida Vasp estava oferecendo para os seus passageiros uma sopa, ao contrário de outros tempos quando os viajantes podiam escolher a alimentação,  tomar cervejas adoidadas e até generosas doses de vinho, campari, uísque, martini...

Como não gosta de sopa, Joelmes não quis, mas Franco e Pio dos Santos aceitaram o alimento. Franco foi o primeiro a experimentar a sopa. Mas ela estava tão quente, apesar do ar gelado do avião, que Franco levou a colher de  sopa à boca e a devolveu imediatamente ao vasilhame, já com os olhos lacrimejando. Pio dos Santos que não tinha notado a reação de Franco, perguntou-lhe: “A sopa está boa?”

  Está ótima... pena que está meio fria! – respondeu Franco...

Pio dos Santos não teve dúvidas: encheu a colher de sopa e levou à boca.

  Eu só vi os olhos do Pio dos Santos se enchendo de água e ele se retorcendo na poltrona e suando, depois de ter engolido de uma vez a colher de sopa   recorda Joelmes.

  O que foi Pio? – perguntou-lhe Joelmes...

  Foi uma grande sacanagem do Franco.  A sopa não está quente, está fervendo! Como você fez isso comigo, colega? Já tomei tanta pinga ruim, mas queimando como essa sopa desceu para o meu estômago nunca tinha me acontecido... – respondeu Pio dos Santos, entre gargalhadas.     

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Repórter de campo censurou ao vivo palavrões de jogador do Atlético, mas o seu, não!...


No distante início da década de 1960, quando o futebol profissional não havia sido implantado ainda em Mato Grosso, o que aconteceu em 1967 – na realidade muitos jogadores já recebiam dinheiro “por baixo do pano”, dos clubes de maior poder econômico para defendê-los – Mixto e Atlético Mato-grossense disputavam mais um clássico pelo Campeonato Amador de Cuiabá. Como acontecia nos velhos tempos, o Dutrinha, inaugurado em 1952, estava apinhado de gente.

No primeiro tempo, o juiz expulsou de campo o ponteiro esquerdo Mitu, do Atlético Mato-grossense. O jogo estava sendo transmitido pela Rádio A Voz D’Oeste, pelo lendário e polêmico Ivo de Almeida, que naquele jogo tinha como repórter de campo Romeu (Memeu) Roberto. Claro que como apaixonado pelo Mixto, Ivo de Almeida vibrou com a expulsão do ponteiro esquerdo atleticano...

Encerrado o primeiro tempo, Memeu aproveitou o intervalo do jogo para entrevistar Mitu.

Por que você foi expulso? – perguntou Memeu 

– Porque eu chamei o juiz de filho da p...) – Memeu, rapidinho, cortou a última palavra da resposta de Mitu...

– E por que você xingou o juiz? – quis saber Memeu...

– Porque ele me mandou tomar no c... (novo clic de Memeu, no seu microfone, para evitar que o palavrão de Mitu fosse para o ar)...

Ivo de Almeida passou, então, a elogiar a sagacidade do repórter de campo ao cortar os palavrões nas respostas de Mitu. Quando Ivo de Almeida ia completar sua participação no episódio sobre a expulsão de Mitu, Memeu arrematou:

– Ainda bem, companheiro, que eu sou esperto pra caralho...

Detalhe: os microfones de Ivo de Almeida e de Memeu estavam no ar...

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Juiz retardou início da partida no Verdão porque o Dom Bosco não tinha jogadores para entrar em campo


O sol já estava arrebentando mamona naquela manhã de domingo de 1998 ou 1999 no Verdão e nada Dom Bosco dar sinal de vida no gramado para enfrentar o Barra do Garças, em jogo muito importante, pois ia definir a última vaga do quadrangular decisivo do Campeonato Mato-grossense de Futebol. O próprio árbitro Joelmes Jesus da Costa já estava muito preocupado, porque não sabia mais que desculpas dar à torcida e também à crônica esportiva para justificar o atraso para início da partida.

A meia hora de tolerância que o juiz poderia esperar para dar a saída de bola para considerar o Barra do Garças vencedor por WO já havia estourado, quando Joelmes foi procurado por dirigentes do Dom Bosco e do Barra do Garças que foram lhe fazer muito mais que um pedido um dramático apelo: ele esperar mais um pouco para dar início a peleja, pois naquele momento o Leão da Colina Iluminada não dispunha.de jogadores suficientes nem para entrar em campo, ou seja, oito atletas...

Veio então à tona a triste realidade que envolvia o Dom Bosco naquela temporada: quatro ou cinco de seus jogadores estavam, naquela hora, defendendo um clube amador em um campeonato no Jardim Paulista, no Coxipó. O Dom Bosco sabia disso, mas não podia cobrar nada dos seus profissionais. Afinal, o dinheiro que os atletas recebiam antecipadamente por jogo no futebol amador era superior aos seus salários mensais no clube...

Finalmente, com um grande atraso, o jogo começou. Com o causticante sol que fazia no Verdão, os dombosquinos, principalmente os que disputavam a segunda partida com o intervalo de uma viagem do Jardim Paulista, ao Verdão, começaram a por a língua para fora da boca de tão cansados. O Barra do Garças aproveitou-se da situação que lhe era favorável e venceu o jogo, que garantiu sua presença no quadrangular, por 3x0, sem fazer a menor força...