Agrishow Cerrado de 2003 em
Rondonópolis: empresários e fazendeiros traçavam um caprichado churrasco no
estande do Grupo Girassol, a convite do seu dono, Gilberto Goellner. Entre os
participantes da roda e que nunca fazia uma desfeita ao anfitrião – o grande
evento anual do campo em Rondonópolis foi de 2002 a 2006 – o prefeito e
empresário de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta, e seus dois amigos e
produtores rurais no município: Helmute Lawisch e Egídio Vuaden.
Conversa vai, conversa vem,
lá pelas tantas, quando alguém fez uma comparação sobre os dois importantes
municípios, um empresário rural de Rondonópolis – Pivetta acha que foi Roberto
Poleto e não Blairo Maggi, como se comenta até hoje – fez uma observação que
não agradou os luverdenses: “Lá em Lucas do Rio Verde não tem nem time de
futebol!...”
Pivetta entendeu a
brincadeira como uma provocação. E foi curto e grosso: “Aproveitem que
acabou!...” – deixando claro que o União, tradicional clube de Rondonópolis,
passaria a ter mais um duro adversário pela frente no futebol de Mato Grosso...”
A decisão de se fundar um
clube de futebol profissional em Lucas do Rio Verde foi tomada na viagem de
volta. E coube a Helmute Lawisch, por indicação de Pivetta, saem direito à
recusa, levar o projeto adiante. Helmute convocou uma reunião com o
empresariado do município e com os principais produtores rurais para explicar
que Lucas do Rio Verde precisava levar seu nome além das divisas do Estado e o
futebol era o caminho mais curto para se alcançar esse objetivo.
Com o nome de Luverdense
Esporte Clube, a agremiação foi fundada no dia 24 de janeiro de 2004. Com o
dinheiro que jorrava da classe empresarial e da soja, do milho (duas safras) e
do algodão, o Luverdense montou um time poderoso e já em 2004 ganhou a Copa
Governador de Mato Grosso, repetindo a façanha em 2007 e 2011.
Percebendo que o Luverdense
não estava para brincadeira, o presidente da Federação Mato-grossense de
Futebol, Carlos Orione, foi a Lucas do Rio Verde, almoçou com Pivetta e Lawisch
e decidiu que o clube já disputaria em 2004 o Campeonato Mato-grossense de Futebol da 1ª Divisão.
Mas para disputar o certame
estadual, o estádio municipal de Lucas do Rio Verde, que era simplesmente um
campo de futebol, precisava de alguma infra-estrutura. Pivetta fez a sua parte:
investiu cerca de R$ 250 mil de recursos do município, transformando
completamente o hoje Estádio Passo das Emas, cuja capacidade de público foi
elevada para 10 mil pessoas.
Por exigência da
Confederação Brasileira de Futebol, o Passo das Emas passou outras reformas em
2017, quando o Luverdense disputou pela primeira vez a Série B do Campeonato
Brasileiro, repetindo o feito em 2018, mas caindo para a Série C. Com a
ampliação, o estádio municipal aumentou sua capacidade de público para 19 mil
espectadores.
Nessa curta existência, o
Luverdense ostenta um tri-campeonato da Copa Mato Grosso (2004, 2007 e 2011),
um tri estadual (2009, 2012 e 2016), foi campeão invicto da Copa Verde (2017).
Foi também campeão da Copa Pantanal, em 2011, torneio que contou com a
participação do Cuiabá, Internacional-RS e Cruzeiro-MG.
Eleito o primeiro presidente
do Luverdense, Helmute Lawisch vem sendo reconduzido ao cargo em todas as
eleições nesses 14 anos de vida do clube. Em 2014, depois da morte de Carlos
Orione, ele assumiu a presidência da FMF por um período de cerca de oito meses,
passando o cargo no Luverdense ao seu vice, Jaime Binfeld.
Quanto ao União, que de
forma indireta deu origem à criação do Luverdense, tem apenas um título
estadual, conquistado em 2010, apesar de sua idade (45 anos) – foi fundado em
6/6/1973. A promessa feita por Pivetta de que o União passaria a ter mais um
adversário difícil no futebol mato-grossense, por causa de uma provocação, está
sendo cumprida à risca...