De avião, claro, lá se foi o
Dom Bosco para Corumbá para jogar com o Corumbaense Futebol Clube e o Marítimos
pelo Campeonato Estadual de 1975 do Mato Grosso indiviso. Naquele tempo, por
causa das dificuldades de transporte por terra e por água em um estado com 1,230
milhão de km2, os jogos oficiais com os dois representantes de Corumbá eram
atrelados para se evitar cansativas viagens.
O primeiro jogo do Dom Bosco
foi em um domingo contra o Corumbaense. No sábado, alguns boleiros do azulão –
entre eles, Dirceu Batista e o goleiro Saldanha – saíram do hotel onde estavam
concentrados para dar um “rolé” pela cidade. E viram, sem serem vistos, em um bar
outro grupo de jogadores, entre os quais Lúcio Bala, Gaguinho, Fidélis e o
mordomo Tyresoles. Na parede, o telefone do bar...
Foi aí que o grupinho de
Dirceu Batista decidiu passar um trote nos companheiros. Alguém ligou para o
bar, como se fosse de uma rádio de Corumbá e, com a voz dissimulada, marcou uma
entrevista com todos eles no hotel. Gaguinho, que sempre se considerou muito
esperto – quando jogou no CEOV, o zagueiro vivia passando a perna no eterno
dirigente Rubens dos Santos... – ficou como uma espécie de porta-voz da turma.
Quando o grupo de Dirceu
Batista voltou para o hotel, encontrou o pessoal que estava no bar todo
eufórico, esperando o pessoal da rádio para conceder entrevistas. Os jogadores
já tinham até tomado banho, trocado de roupa, passado perfume, ensaiado mentalmente
respostas para as perguntas dos entrevistadores...
Toda vez que cruzava com os
companheiros no hotel, o grupinho de Dirceu Batista dava um toque em Lúcio
Bala, Gaguinho e Fidélis, perguntando sobre a entrevista. Só de sacanagem! E a
resposta dos três era sempre a mesma: “Estamos sabendo...”
Só depois de muitas risadas
é que o grupo liderado por Gaguinho ficou sabendo que a esperada entrevista não
passava de um trote. E se alguém não tivesse dado com a língua nos dentes,
Lúcio Bala, Gaguinho e Fidélis estariam esperando para conceder a entrevista
até hoje...