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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Para não apanhar, radialistas saíram do Luthero Lopes disfarçados de torcedores do União


Cobrindo as cabeças com suas respectivas camisas e vociferando palavrões a todo pulmão no meio da torcida colorada – esta foi a criativa estratégia adotada pela dupla de radialistas Marcelo de Carvalho e Pato Rouco, de Cuiabá, para sair do Estádio Luthero Lopes sem entrar na porrada dos enfurecidos torcedores do União. O fato se deu em 5 de maio de 2008, um dia frio e de  triste memória para o futebol de Rondonópolis e de Mato Grosso, marcado por cenas de violência e vandalismo, que inclusive obrigaram a Polícia Militar a apelar para cassetetes, gás de pimenta e até bombas de efeito moral para conter os torcedores mais exaltados...

Depois de um jejum de 12 anos – o último título conquistado pelo Mixto tinha sido em 1996 – o alvinegro foi a Rondonópolis decidir o campeonato daquele ano contra o União. A diferença técnica entre os dois era incomensurável. Enquanto o União, patrocinado pelo poderoso Grupo Amaggi, cujo comandante era o então governador Blairo Maggi, havia montado um time para ser campeão, o Mixto...

Com tanto dinheiro do rico patrocinador, os jogadores do União eram tratados a pão de ló e o Mixto na pindura de sempre dos últimos anos. Na viagem para a Rondonópolis, às vésperas do importante jogo, os defensores do “Tigre da Vargas” foram comendo pastéis pela estrada afora

A certeza da conquista do título pelo União era tanta que familiares e amigos dos jogadores já tiravam fotos no vestiário com as faixas de campeão. Com a presença do governador Blairo Maggi no Luthero Lopes, um caminhão do Corpo de Bombeiros já estava estacionado estrategicamente em uma rua nos fundos do estádio para a carreata da vitória. Não tinha erro...

A bola rolou no campo e o União simplesmente massacrava o Mixto. Era um ataque atrás do outro. Mas aí apareceu um jogador que desde os primeiros minutos roubou a cena do espetáculo: o goleiro Douglas. Desconhecido do público mato-grossense, o arqueiro mixtense pegou até pensamento, como se diz, com evidente exagero, nos meios esportivos...

Apesar das defesas milagrosas de Douglas, a torcida do União não perdia a esperança e a fé de que a qualquer momento surgir o gol que significaria a conquista do sonhado título. E surgiu mesmo, mas a favor do massacrado Mixto. No 2º tempo, Jean cobrou um escanteio à meia altura, a zaga colorada rebateu a bola, que sobrou para o zagueiro Evandro abrir o placar.

Encerrado o jogo, começaram as cenas de selvageria no Luthero Lopes. A Polícia Militar entrou em cena, usando de todos os meios na tentativa de evitar depredações no estádio. E também para proteger o pessoal da imprensa, que só conseguiu deixar o estádio muito tempo depois, sob escolta da PM. A fúria da torcida chegou a tal nível que até banheiros químicos foram arremessados das arquibancadas e das gerais para o chão. Inclusive com torcedor dentro.

Foi aí que os dois espertos radialistas decidiram sair do estádio no meio dos torcedores do União sem ser reconhecidos. A arriscada estratégia deu certo, pois apesar do medo com que conviveram por longos minutos, saíram do estádio ilesos, ao contrário de muita gente que levou porradas pra valer...