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terça-feira, 18 de julho de 2017

Torcedora queria festejar vitória do CEOV e acabou entalada em grade do Verdão...

Silvana: paixão doentia pelo Operário
Morando bem pertinho da então majestosa sede social do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense, na Avenida Couto Magalhães, em cujas imediações ficava também a “república” do clube, desde que se entende por gente Silvana Pompeu é ardorosa torcedora do tricolor. É uma paixão que já dura mais de 30 anos e que contamina toda a sua família.

O doentio fanatismo de Silvana pelo CEOV custou-lhe algumas doloridas surras, o que acontecia sempre que sua mãe ficava sabendo que ela tinha ido para o Dutrinha ou o Verdão, geralmente às escondidas, em caçambas ou carrocerias de caminhões, sem nenhuma segurança. Muitas vezes, Silvana foi e voltou a pé para os dois estádios, inclusive à noite, junto com grupos de torcedores, que, como ela, não tinha dinheiro para pagar ônibus da velha Nova Era, que de nova só tinha mesmo o nome...

Menina pobre, Silvana recorda dos tempos em que só ficava olhando nos estádios e campos onde o Operário jogava os torcedores comendo sanduiches, salgados, pipocas, chupando picolés, tomando refrigerantes e ela só na vontade!...

Mas Silvana cresceu, progrediu na vida e passou a desfrutar de uma condição financeira bem melhor do que a de antes, o que lhe permite nos jogos do CEOV em Cuiabá consumir tudo que os vendedores saiam e ainda saem pelas dependências do Dutrinha, do demolido Verdão e agora Arena Pantanal oferecendo aos torcedores.

“Consumo de tudo... lembro-me daqueles velhos tempos, sinto saudades e hoje mato a minha vontade, comendo e bebendo nos estádios tudo o que não tive quando era menina...” – afirma Silvana.

Os tempos mudaram, mas sua paixão pelo tricolor, não! Se o CEOV joga, Silvana está no estádio. Com ou sem a família, formada por ela, o marido, quatro filhos, uma nora e um netinho recém-nascido, que por força do ambiente onde vive, certamente vai se tornar operariano roxo...

Seu fanatismo pelo o velho Operário levou Silvana a se meter numa situação extremamente vexatória, no Verdão. Fim de jogo do Operário com o estádio lotado – ela não se lembra contra quem, nem quando – e Silvana, ainda menina, decidiu se juntar ao numeroso grupo de torcedores que havia invadido o campo, com permissão das autoridades, para comemorar a vitória com os jogadores.

No entanto, para entrar no campo, ela tinha que passar por uma das duas altíssimas grades que separavam a geral da arquibancada coberta, onde ficavam autoridades, os endinheirados, as cabines de rádio, etc. Sem nenhuma chance de pular o obstáculo para chegar ao portão que dava acesso ao gramado, Silvana decidiu passar para o setor das sociais através de uma das grades...

Mas depois de passar primeiro o corpo pela estreita grade, Silvana se deu conta que estava entalada. Por mais que ela tentasse, sua cabeça não passava pela grade, nem seu corpinho de menina de 11 anos voltava para trás. Foi um tempão de angústia e aflição.

Pedir socorro, nem pensar: primeiro pela vergonha do duplo vexame e segundo porque, com a algazarra dos operarianos no estádio, ninguém iria ouvir mesmo seus gritos. Com muita dor e sacrifício, ela conseguiu se desentalar...

Acostumada a varar o Dutrinha e o Verdão, por não ter dinheiro para comprar ingresso, Silvana pulou muitas vezes o muro da sede social do Operário, na Couto Magalhães, para participar de comemorações de torcedores do clube. E não era só Silvana que fazia isso, pois muitas de suas amigas, pobres como ela, mas apaixonadas pelo tricolor, também pulavam o muro!...

Dos tempos de vizinhança com a “república” do Operário, Silvana guarda boas recordações de jogadores que passaram pelo tricolor e que sempre trataram com carinho as meninas e os meninos que moravam nas imediações. Entre eles, Silvana destaca Caruso, Dito Siqueira, Ivanildo, Adalberto, Upa Neguinho, Mão-de-Onça e Panzarielo, que chamavam carinhosamente de Panzá...

Naqueles velhos tempos do bom futebol profissional de Mato Grosso, Silvana participou de inúmeras comemorações de vitórias e conquistas operarianas, muitas das quais nas ruas, principalmente perto da sede social e que acabavam interditadas ao tráfego de veículos. Numa delas, que virou um grande carnaval, e varou a madrugada, ela levou tanto pisão nos pés descalços que algumas semanas depois ficou sem as unhas dos dez dedos...






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