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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Operarianos disputavam “rachas” nos fins de tarde para a cerveja descer melhor...


Em quase todos os fins de tarde, ex-jogadores do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense (CEOV) se reuniam perto da “república” do clube na Avenida Couto Magalhães  Bife, Júlio César, Caruso, Laércio, Nasser, entre outros... – para disputar animados “rachas” em um campo de futebol numa área pertencente ao velho Ary, fanático torcedor do tricolor e dono de uma distribuidora de bebidas na região. Os “rachas” não eram para manter a forma física coisa alguma, mas para deixar a garganta seca para a cerveja descer melhor depois...

Seu Ary gostava tanto do Operário que nos velhos tempos, quando a turminha acima citada ainda defendia o tricolor, dependendo do jogo, ele franqueava o consumo de cerveja para ser quitado depois do pagamento do “bicho” no domingo. Mas às vezes, o fanático torcedor operariano tinha umas rações que deixavam encabulados os devedores...

Em 1987, por exemplo, o Operário jogava com o Barra do Garças no Verdão. A turma consumiu cerveja durante a semana inteira, no fiado, porque o “bicho” era certo. Mas deu uma zebra e o time visitante saiu na frente no placar. Ary não vacilou: aproximou-se do parapeito das arquibancadas e passou a xingar o lateral direito Caruso e o ponteiro direito Nasser. “Esse lado direito do Operário só quer saber de beber, mas bola que é bom não joga nada!”  “Não vou vender mais fiado pra vocês”, “Caloteiros...” e outros adjetivos impublicáveis.

A certa altura do jogo, Nasser, irritado com as ofensas públicas de Ary, berrou para quem quisesse ouvir. “Agora é que eu não vou pagar mesmo a porra dessa conta...”

Para felicidade geral, o Operário virou o placar e Ary continuou gritando com os jogadores... mas para dizer que o caderninho com anotações dos fiados dos devedores estava liberado de novo...

Em um desses “rachas” de fim de tarde, na hora de escolher os dois times, o de Bife ficou com um jogador a menos. Bife convidou, então, um garoto que estava por ali para completar sua equipe. Era praxe que quem perdia o jogo pagava a cervejada depois...

Nos minutos finais do “pega", com o time de Bife em desvantagem no placar, a bola caiu nos pés do menino, que imediatamente lançou o grande artilheiro. Bife correu como um desesperado, mas não conseguiu alcançá-la.

Fim do “racha”, Bife foi dar uma dura no menino, dizendo-lhe que ele devia fazer o lançamento pelo alto para ele matar a bola no peito e fazer o gol do empate. O garoto encarou Bife e retrucou: “Meu pai me disse que quando o senhor era Bife, era craque e jogava muita bola. Mas agora é um ovo. Ainda que fosse ovo caipira... mas é ovo de granja...”            

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