Com três meses de salários
atrasados, os jogadores do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense
pressionavam de todas as formas o presidente Rubens dos Santos para receber a
grana. Até quem morava na “república” do clube, na Avenida Couto Magalhães e
que não tinha de se preocupar com pagamento de
mercado, farmácia, energia elétrica e água, chiava feio com o mandatário
tricolor, mas Rubens dos Santos não estava nem aí com a bronca da boleirada...
A grande revolta dos
operarianos era porque Rubens dos Santos, ao invés de estar cuidando dos
interesses do seu clube, tinha se jogado de corpo e alma na campanha política
para as eleições municipais de Várzea Grande em 1972. O presidente do tricolor
queria porque queria voltar à cena política, repetindo suas façanhas nas
décadas de 1950 e 1960, quando ocupou a presidência da Câmara Municipal de
1953/57 e 1961/64 e foi reeleito para o mandato 1964/67, como vereador.
O motivo da bronca dos
jogadores: o principal adversário de Rubens dos Santos era um jovem, mas já a
velha raposa na política – Júlio Campos. Entendia a boleirada que o presidente
operariano estava perdendo seu tempo, que poderia estar dedicando, com maior
proveito, para resolver os problemas financeiros do clube. Mas Rubens dos
Santos não queria nem saber e continuava se dedicando ao seu projeto político.
Uma tarde, um grupo de
jogadores, entre eles Dirceu Batista, Puruca e Dirceu, estava retornando à
“república” do clube, quando viram um burro pastando nas imediações do lugar onde moravam. Os
jogadores decidiram amarrar o animal para ele não fugir, enquanto decidiriam o
que fazer mais tarde com o burro. “Certamente não era boa coisa que ia passar
por aquelas cabeças...” – lembra um operariano da velha guarda.
Quando escureceu, o grupo de
jogadores voltou ao lugar onde o burro estava amarrado, com muitas placas de
papelão e de madeiras, nas quais haviam escrito ácidas críticas contra Rubens
dos Santos, por causa do atraso no pagamento dos salários dos jogadores. Depois
que o material foi cuidadosamente pregado no pelo do animal e também pendurado
em seu pescoço, soltaram o muar, todo enfeitado com esculhambações contra
Rubens dos Santos, para ele circular por onde quisesse em busca de pastagem...
Se o burro vagou por muitos
lugares a partir daquela noite e chegou a influenciar positiva ou negativamente
na campanha de Rubens dos Santos ninguém ficou sabendo. Mas as urnas mostraram uma
diferença pequena (cerca de 300 votos) na vitória de Júlio
Campos e sobre Rubens dos Santos, apesar do poderio político e econômico da
família Campos em Várzea Grande...
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