Todo mundo aprendeu desde
criança que boi e vaca não gostam do vermelho. Menos o juiz de futebol Civis das
Neves Rodrigues, já falecido, que durante muitos anos militou no Departamento
de Árbitros da Federação Mato-grossense de Futebol, por onde passaram, em tempos
bem remotos, consagrados juízes como Eraldo Palmeirini, Armando Camarinha, Cícero
Salata, Orlando Antunes de Oliveira, Mário (Xuxa) Martins, Wilson Eraldo da Silva, Joelmes Jesus da Costa, Pio dos
Santos e tantos outros...
Por desconhecer que bovinos
não gostam do vermelho Civis das Neves acabou sendo protagonista de uma cena
hilariante em Juscimeira e que inclusive provocou a paralisação de uma partida
de futebol no principal campo da cidade, porque os jogadores dos dois clubes
desandaram a rir que não paravam mais. E a numerosa a torcida também. E não era
para menos, com a inusitada cena que presenciavam...
Quando presidiu a FMF em
dois mandatos sucessivos – de 1980 a 1986 – o então deputado estadual João da
Silva Torres, com evidente intenção eleitoreira, implantou na entidade a
saudável política de apoiar e sempre que possível prestigiar pessoalmente
eventos esportivos que eram realizados pelo interior de Mato Grosso. Como um
torneio em Juscimeira, com a participação de muitas equipes.
A competição foi iniciada às
7h30. Os ponteiros dos relógios já caminhavam para as 17 horas e nada do
torneio, que não foi interrompido nem na hora do almoço, acabar. Os três juízes
da FMF escalados para apitar os jogos – Cícero Salata (que também já subiu para
o andar de cima), Joelmes Jesus da Costa e Civis das Neves – já estavam completamente
esgotados, de tanto se revezarem como juiz e bandeirinhas dos jogos, um atrás
do outro.
Em um dos jogos já no fim de
tarde e que estava sendo apitado por Joelmes, o auxiliar Civis das Neves, vencido
pelo cansaço, encostou-se em um dos mourões que sustentavam os fios de arame
liso que cercavam o campo. E para ficar mais à vontade, colocou as mãos para
trás, segurando a sua bandeirinha vermelha. Qualquer anormalidade no jogo era
só levantá-la e pronto!...
Aí aconteceu o fato
inusitado: uma vaca aproximou-se do mourão onde estava encostado Civis das
Neves e abocanhou a bandeirinha. Começou, então, uma luta desigual entre o
auxiliar e a vaca, com o animal tentando puxar a bandeirinha para fora do campo
e Civis das Neves lutando para recuperar seu instrumento de trabalho...
Depois de algum tempo de
luta entre animal e homem a vaca desistiu de ficar com a bandeirinha e o jogo
foi reiniciado, com o estádio inteiro, incluindo os jogadores, divertindo-se
como nunca pelo show extra-futebol. O jogo ficou parado por um bom tempo,
independente da vontade do arbitro, enquanto todo mundo caía na gargalhada. “Este
fato pitoresco ficou marcado para sempre na minha carreira de juiz de
futebol...” – afirma Joelmes Jesus da Costa.
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