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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Filho de auditor do TJD ficou 5 noites sem dormir após chupar laranja do Operário...

Eliezer: um operariano no TJD
Discussões acaloradas e acusações mútuas dignas de arrancar pica-pau do oco do pau marcavam infalivelmente às sessões do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Mato-grossense de Futebol no período de 1978 a 1980, com três personagens muito conhecidos no mundo do futebol do Estado – Adbar da Costa Salles, Paulo Zaviaski e Eliezer Valadares Rebello – engalfinhando-se em ácidos embates nos julgamentos. E o que se via e ouvia no plenário do TJD, era “fichinha” diante do que “rolava” na guerra verbal entre os três nos bastidores...

O advogado tributarista e Procurador aposentado do Estado de Mato Grosso, Adbar da Costa Salles, hoje presidente do Clube Esportivo Dom Bosco, era procurador do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Mato-grossense de Futebol durante a década de 1970. Nessa função, cabia-lhe denunciar e instaurar ação penal-esportiva contra jogadores, dirigentes, juízes, bandeirinhas, etc., que violavam a legislação esportiva e eram denunciados ao órgão disciplinar, que no final dos processos iria julgá-los pelas infrações cometidas...

Eliezer Valadares Rebello, advogado do Banco da Amazônia e o jornalista/radialista/apresentador de TV, também bancário, mas do Banco do Brasil, Paulo Zaviaski, ambos já falecidos, eram auditores no TJD, pomposo nome que se dá aos membros do TJD e que têm a função de julgar quem senta nos bancos dos réus dos tribunais esportivos. 

O motivo de tanta polêmica envolvendo o trio: todo mundo sabia que Zaviaski era um apaixonado torcedor mixtense; Rebello sempre foi louco pelo Clube Esportivo Operário Várzea-grandense e Adbar Salles nunca escondeu sua preferência e simpatia pelo Clube Dom Bosco...

Por isso, quando um julgamento envolvia jogadores do Operário e do Mixto, se fossem punidos, Zaviaski e Eliezer acusavam o procurador Adbar Salles de exceder na acusação para arrasar os denunciados. Principalmente se o julgamento do processo beneficiasse o Dom Bosco...

O atual presidente do Dom Bosco, contudo, jura de pés juntos que sempre procurou agir com isenção, sem perseguir os adversários do seu time de coração. “Aliás, seria impossível militar no esporte, ontem ou hoje, sem qualquer remuneração ou subsídio se não for torcedor de algum clube e gostar da prática do esporte mais popular no País” – afirma Adbar Salles.

Aposentado pelo Basa (Banco da Amazônia S/A) – já Zaviaski aposentou-se pelo Banco do Brasil – Eliezer resumia seu mundo a área central de Cuiabá. Tanto é que depois parou de trabalhar só cruzava as pontes que ligam Cuiabá e Várzea Grande se tivesse que pegar avião. As pontes do rio Coxipó da Ponte ele não atravessava, de jeito nenhum...

O atual presidente do Dom Bosco lembra que começou a militar na Justiça Desportiva da FMF como Secretário Geral a convite dos então promotores de Justiça Luis Vidal da Fonseca e Rubens Vuolo, seus ex-professores na Universidade Federal de Mato Grosso.

Na época, a composição do TJD era quase que um acerto de cavalheiros feito entre os clubes participantes do campeonato e a direção da FMF. Na década de 70, passaram pelo TJD, o auditor e considerado torcedor dombosquino, magistrado Oswaldo Meyer, da Justiça Militar do Estado e muito sensível e extremamente cortês; Paulo Zaviaski e Eliezer Rebello, do Mixto e do Operário, respectivamente, ambos muito emotivos e explosivos; Clóvis Pires Modesto, também mixtense, mas um cordial cavalheiro e experiente negociador de crises; Luís Vidal da Fonseca e Rubens Vuolo, tidos como dombosquinos, muito reservados e discretos. Os dois eram legalistas extremados.

E assim o TJD seguiu sua rotina, por cerca de dez anos, de muito bate-boca e apaixonados embates nos dias de sessões. Integrava ainda o órgão de justiça desportiva o advogado José Stábile Filho – também já falecido –, que se dizia neutro, mas não escondia sua simpatia pelo Mixto Esporte Clube. Os embates eram aguerridos, mas no final das sessões, todos iam tomar cerveja nos bares da moda da cidade...

Certa vez – recorda Adbar Salles – Eliezer decidiu levar seu filho, ainda menino, conhecido hoje como João Cabrito, para ver um jogo do Operário contra o Dom Bosco, no Verdão. Como diretor do tricolor, ele e o garoto ficaram no banco de reservas do clube várzea-grandense.

A certa altura do jogo, o menino perguntou a Eliezer se podia chupar uma das muitas laranjas, já descascadas, que estavam numa sacola do Operário e que eram servidas aos jogadores no intervalo do primeiro para o segundo tempo.

Claro que Eliezer, sem desconfiar de nada, autorizou o filho a chupar a laranja. O menino atacou firme a sacola. E Eliezer só foi entender que as laranjas servidas aos boleiros no intervalo da partida eram “especiais”, quando descobriu que o filho passou cinco noites sem dormir depois do jogo e nos dias seguintes...

















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