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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Torcedores do União iam usar serrador para derrubar cabines de rádio do Luthero Lopes


 Um serrador de grande porte, conhecido também como traçador -- este foi o instrumento que torcedores do União queriam utilizar para derrubar as cabines de madeira do Luthero Lopes ao final do jogo em que o Clube Esportivo Operário Várzea-grandense derrotou o clube de Rondonópolis, na década de 1980, eliminando a possibilidade de o colorado se classificar para a final do Campeonato Estadual. O foco dos torcedores era, principalmente, as cabines das emissoras de rádio de fora de Rondonópolis.

Para quem não sabe, o serrador, que desapareceu com a chegada da moto-serra ao mercado, é um grande serrote e em cujas extremidades existem dois suportes para facilitar o trabalho das duplas que o operam, com um deles puxando e o outro empurrando a sua lâmina dentada, através de movimentos sincronizados para serrar madeira e derrubar árvores. Mesmo árvores de troncos mais espessos resistem à ação do serrador, chamado também de “serrote japonês”.

Inconformados com a derrota, milhares de torcedores do União puseram o alambrado do Luthero Lopes abaixo e caminharam em direção do local onde ficavam as cabines de rádio do estádio, com a evidente intenção de derrubar as dependências de emissoras de fora da chamada “Rainha do Algodão”. Como se os radialistas fossem culpados dos fracassos do representante de Rondonópolis no futebol. Claro que com um serrador do tamanho que os torcedores conduziam, a serragem das vigas de sustentação das cabines era questão de minutos...

Naquela tarde de triste memória para o futebol de Rondonópolis, o locutor esportivo paranaense Tony César, que transmitia o jogo para a Rádio Vila Real, viu a viola em cacos. Ainda bem que a Polícia Militar agiu com rapidez e impediu que a dupla do serrador derrubasse a cabine de onde o radialista irradiava o jogo, o que poderia representar um sério risco para o profissional, em virtude da altura dessas dependências do Luthero Lopes.

Lembra o ex-radialista Oliveira Júnior, atual editor de Esportes do jornal A Gazeta, que a transmissão de jogos no interior de Mato Grosso até a década de 1990 era uma aventura. A começar pelos riscos que os profissionais do rádio corriam, deslocando-se por estradas esburacadas, muitas vezes à noite, o que tornavam as viagens cansativas e aumentavam os perigos de acidentes.

As duas cidades mais perigosas, por causa do fanatismo de suas torcidas sempre foram Rondonópolis e Sinop. No caso desse jogo histórico em Rondonópolis, a Polícia Militar escoltou o pessoal da imprensa de Cuiabá até o trevo da cidade, fora do alcance dos torcedores mais revoltados. A partir daí, que cada um se virasse...      








     

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