Pesquisar este blog

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Muito gago, Vitor gritou como louco para evitar acidente com o Dom Bosco na 070

Paulo Emílio: de corneteiro a chefe da delegação
 do Dom Bosco
O presidente Paulo Borges estava numa sinuca de bico: não podia viajar e não encontrava ninguém para chefiar a delegação do Dom Bosco que tinha um jogo importante no final de semana em Barra do Garças pelo Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1994. 

Paulo Borges lembrou-se então de Paulo Emílio Magalhães, que nem pertencia à diretoria do Dom Bosco, e que muita gente do azulão, incluindo alguns jogadores, não topava, porque o rapaz, hoje um dos vice-presidentes do clube, era um tremendo corneteiro da agremiação do Morro da Colina Iluminada.

Não perdeu tempo Paulo Borges, ligou para Magalhães e lhe fez o convite, na verdade quase uma intimação. O corneteiro pôs o pé na parede: “Como vou chefiar a delegação se eu não tenho dinheiro e o Dom Bosco está pior do que eu?...” – questionou o convidado.

-- Você não tem talão de cheques? – perguntou Paulo Borges

-- Ah! Isso eu tenho, da Caixa Econômica... – respondeu Magalhães

-- Então está resolvido. Você vai dando cheques. Como os bancos não abrem sábado e domingo, no início da semana que vem quando os cheques começarem a cair na conta a gente vai cobrindo...

E lá se foi o Dom Bosco cumprir o compromisso em Barra do Garças, com Magalhães, a princípio meio temeroso, mas depois assinando “cheques voadores” a torto e a direito, causando ótima impressão entre a boleirada.

O jogo em Barra do Garças transcorreu normalmente, com o Dom Bosco derrotando o time da casa por 1x0, gol marcado por um atacante cujo nome Magalhães não lembra e que tinha jogado inclusive na União Soviética antes de vir parar no azulão.

Na volta, quando a delegação passava por um acampamento de sem-terras às margens da BR-070 em Primavera do Leste, de repente uma gritaria do atacante Vitor interrompeu o silêncio dos jogadores que estavam assistindo um vídeo-tape do Programa “Quem quer dinheiro?”, de Sílvio Santos...

Motivo dos berros de Vitor, que por sinal era muito gago, e que vinha na frente conversando com o motorista para não deixá-lo cochilar: um pneu se soltou do eixo traseiro e passou pelo ônibus a grande velocidade, o que poderia levar o veículo a sofrer um acidente de conseqüências imprevisíveis.

Diante do perigo, até o próprio Vitor se esqueceu que era gago de nascença e berrou feito um desesperado para chamar a atenção do motorista para os riscos que o ônibus, com um pneu a menos no rodado traseiro, estava correndo de tombar, capotar...

O problema da soltura do pneu do ônibus, além do susto com a gritaria de Vitor, resultou em um grande prejuízo ao Dom Bosco: na velocidade que ganhou depois de se soltar do eixo, o pneu saiu da pista de rolamento  da BR-070 e causou estragos no barraco de um sem-terras, demolindo completamente o seu banheiro.

Com o barulho causado pelo choque foi se juntando sem-terras do acampamento e Magalhães teve assinar mais um “voador”, cujo valor da época correspondia hoje a cerca de R$ 1.800,00.

-- Ainda bem que o Paulinho foi muito decente comigo e cobriu todos os cheques – afirma Magalhães.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se você leu, comente o que achou