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quinta-feira, 1 de junho de 2017

A preguiça provocou o fim precoce da promissora carreira de Priss no futebol

Priss: vencido pela preguiça...
Encerrado o coletivo-apronto do Atlético Mato-grossense para o jogo do final de semana contra o Operário Várzea-grandense, o treinador Makários Zenagape dos Santos chamou Priss, que jogava de volante no time de aspirantes, e determinou que ele desse dez voltas completas, correndo normalmente, em torno do campo. O jogador não entendeu nada, mas cumpriu a ordem sem fazer perguntas.

Assim que Priss ou Luiz Neves de Almeida Filho -- que não sabe a origem do seu apelido -- terminou a corrida, Makários se aproximou dele e disse na presença de outros jogadores: “Você está bem fisicamente como os outros jogadores. E como o Darci Avelino – que quando foi para o Operário virou Darci Piquira – está machucado e não pode jogar domingo, você vai entrar no lugar dele na lateral esquerda...”
O garotão Priss tentou justificar que não estava preparado para um jogo daquela importância, ainda mais numa posição em que nunca havia atuado antes, mas recebeu imediatamente o apoio de Washington, Luiz Toucinho, Ditinho Olho de Bolita, Fulepa, Jeca, Portela, Lico, Mitu e outros craques consagrados do poderoso time atleticano do final da década de 1960.

Dutrinha lotado, o Atlético Mato-grossense venceu o jogo por 3x2, vitória que merecia uma comemoração especial. Empolgado, Priss decidiu comemorar o triunfo do time e o seu próprio, como titular pela primeira vez, num bailão no domingo à noite na sede social do Operário, em Várzea Grande. Queria festejar mesmo!...

Mas quando chegou na portaria do clube, acompanhado de Ditinho Olho de Bolita, foi advertido pelo companheiro: “Nem pense em se identificar como jogador do Atlético Mato-grossense porque senão vamos entrar na taca aqui mesmo na entrada, não vamos nem chegar lá dentro para apanhar...”

Priss foi titular do timaço do Atlético Mato-gossense durante mais de três anos e só guarda boas recordações dos companheiros e também de Zenagape. Uma vez, ao final de um treino do time, o quarto zagueiro Washington perdeu a aliança de casamento. O solidário Zenagape tentou ajudar o jogador, oferecendo na época o que corresponderia hoje a R$ 200,00, para quem a achasse, mas ninguém encontrou o anel...

Durante seu longo tempo de titular no Atlético Mato-grossense, Priss foi aconselhado por muita gente que o considerava um verdadeiro craque da bola a procurar outros clubes de grande prestígio da época, entre eles Mixto, Dom Bosco e o Operário Várzea-grandense, com vistas a uma eventual carreira no futebol profissional. ”Eu nunca fui procurado por eles e não iria me oferecer...” – afirma, sem nenhum arrependimento.

No entanto, por trás de sua relutância em relação ao seu futuro como jogador de futebol, com uma carreira promissora pela frente, Priss admite que se esconde uma grande verdade: ele sempre foi um preguiçoso da maior marca. E só de pensar que teria que fazer longas caminhadas para treinar nos velhos tempos de um transporte coletivo urbano precário na Grande Cuiabá era um obstáculo intransponível para quem só queria saber de sombra e água fresca...

Dominado pela preguiça, Priss praticamente parou com o futebol quando os apaixonados atleticanos irmãos Matozzo (Décio, Áureo e Acir, este já falecido) passaram o comando do Atlético Mato-grossense para os irmãos Oliveira, do extinto Banco do Estado de Mato Grosso -- Bemat e que sob a nova direção entrou logo em processo de acelerado declínio até se extinguir. E só de vez em quando participava de uma ou outra “peladinha” no velho bairro do Porto, onde nasceu e sempre viveu, faz 69 anos, contanto que não precisasse correr...

Porém, não se afastou do futebol e continua frequentando o famoso campo do Bode, palco de memoráveis campeonatos e “peladas”, regadas a muitas mordomias, principalmente às segundas-feiras, dia folga quase obrigatória de milhares de pessoas que gravitam em torno do Terminal Atacadista do Porto. E virou também corneteiro de carteirinha da boleirada da tradicional feira e do populoso bairro.

Aos mais íntimos, Priss não se cansa de fazer ácidas críticas pelas suas falhas e engrossadas em jogos oficiais ou “peladas” no campo do Bode: “A sorte de vocês é que as bolas não falam. Se falassem, vocês iam ouvir muito lamento e até xingamentos pelos maus tratos que elas recebem de vocês. Bola é para ser acariciada com carinho, com amor e não ser pisada, chutada de bico e maltratada como vocês fazem com elas” – repete sempre para a rapaziada do Porto...                   
 

     

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