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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Ruiter não acreditava em macumba e nem ficava em concentração

Ruiter: nem macumba, nem concentração.
(foto de Tony Ribeiro)
Duas coisas que um dos maiores craques do futebol de Mato Grosso – o lendário Ruiter – nunca fez ao longo de sua carreira, defendendo as cores do Mixto, do Operário e do União, de Rondonópolis: participar de “trabalhos” de macumba e ficar concentrado às vésperas de jogos, por mais importantes que fossem. A não ser quando o time em que jogava viajava e aí ele tinha que dormir no hotel onde a delegação ficava hospedada.

No caso da macumba, Ruiter nunca acreditou que forças do além pudessem interferir no resultado de um jogo de futebol. Mas que muita gente acredita, não resta dúvida, e não dispensa até hoje uma macumbinha.

O já falecido cronista esportivo João Saldanha, que foi quem montou a seleção brasileira que ganhou o Mundial de Futebol no México em 1970, dizia que se macumba ganhasse jogo, os campeonatos baianos terminariam empatados...

Sobre a concentração de jogadores às vésperas de jogos, Ruiter afirma que com ele não funcionava. E era até contraproducente, porque ele não conseguia dormir e por isso nem sempre jogava bem no dia seguinte.

“Não era frescura minha, não! É que nas concentrações os jogadores se recolhem aos quartos na hora determinada, mas geralmente ficam conversando alto até mais tarde, o que atrapalhava o meu sono...” – afirma Ruiter.

A propósito de sua resistência a concentrações, Ruiter lembra um episódio envolvendo ele e o treinador Sílvio Berto, às vésperas de um jogo entre Mixto e Operário Várzea-grandense pelo Campeonato Estadual de 1969, no Dutrinha. Recém chegado ao alvinegro, Berto não havia sido cientificado ainda que Ruiter era dispensado de ficar concentrado.

Na hora do pessoal se recolher, numa chácara no Coxipó da Ponte, Ruiter foi dizer ao treinador que estava indo para sua casa para dormir. Berto deu uma dura em Ruiter:

“Comigo todo mundo é igual...”, deixando claro que não ia dispensá-lo da concentração. O jogador tentou ponderar, justificar-se, mas Berto não estava a fim de conversar.

Nisso chegou ao local da concentração o presidente do Mixto, Avelino Hugueney Siqueira, o Xomaninho, que tinha ido averiguar se estava tudo bem com a moçada para o jogo.

 Ao tomar conhecimento do clima tenso entre Ruiter e Berto, Xomaninho ainda tentou contornar a situação, mas o técnico foi incisivo: “O senhor vai ter que decidir entre ele e eu...”

– Está decidido: o Mixto precisa do Ruiter e fica com ele. O seu contrato está rescindido... – disse Xomaninho a Berto.

Ruiter se lembra que o Mixto venceu o Operário por 1x0, com o Dutrinha, como sempre, lotado. E o gol foi de autoria de Ruiter.


Passada a raiva do entrevero entre os dois, Ruiter e Silvio Berto tornaram-se grandes amigos...   

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